“E do outro lado da tela, eu choro. Do outro lado do país, eu choro. Choro por não saber mais, choro agora por saber demais. Um “eu te amo” no telefone que me tirou a tristeza dos olhos e reacendeu aquilo que um dia você mesmo apagou. Quatro meses ou, além disso. Não é paixão, é amor. Não tem que ser você, tem que ser nós (mas sem nenhum clichê, não fazemos parte dos casais clichês, na verdade, não fazemos nem parte dos casais). Agora tudo faz sentido: você não me ama, você não me amou. O “eu te amo’ no telefone foi mais uma de suas táticas para não me deixar ir embora. Porque é assim que você age, você tem medo da solidão e por saber que eu daria uma vida por você, decidiu me usar como estepe, para quando lhe deixarem, eu estar ali para escutar suas piadas sem graça, para escutar suas reclamações sobre as pessoas que mudaram ou do seu cabelo que não se acerta.
Do outro lado da tela, você sorri. Do outro lado do país, você está sorrindo. Sorri por não estar se lembrando de mim, sorrindo por estar vivendo a felicidade com uma nova pessoa, que chegou logo depois de mim e só agora eu descobri. Você sorri por saber que eu te amo e sempre estarei posto diante de ti, sorri porque sabe que minha idiotice é tanta que eu sempre irei acreditar. Mas eu gosto de você sorrindo. Mas eu gosto muito mais de sorrir. E agora você me faz rios de lágrimas escorrerem. Sangue escorrer. Alma escorrer. Agora você me faz esvair mais uma vez. Eu sei, deveria ser mais forte ou fingir melhor. Mas não sou um bom ator, sou apenas um escritor médio que ama demais e sofre demais e é tudo demais. Sou apenas isso que você transformou: um abismo interior que só você é capaz de preencher. Mas não sou um abismo tão belo quanto o Grand Canyon. Sou feio, alma feia. Escuro e cheio de mágoas guardadas. Sou um abismo onde não se há um vestígio de luz. Mas você é o único que me faria absorver luz novamente. Um amor fajuto. Um amor que deveria ser nobre, agora é sujo. (...)
Continua.
Lucas Rodrigues, LR. (via agonizei)